Marcha da Maconha reúne cerca de 5 mil seguidores no Rio, diz organização
Neste sábado, enquanto a Marcha da Maconha do Rio de Janeiro acontecia com mais de 3 mil pessoas, ativistas reunidos em uma ofícina no MASP, em São Paulo, pacificamente pintavam cartazes e panfletavam quando, às 16h da tarde, uma unidade da Polícia Militar intimou 3 militantes, dos mais de 20 ali presentes, para comparecer ao 78ª DP para responder pelo crime de apologia às drogas.
Os futuros manifestantes tinham em mãos um Hábeas Corpus, concedido pelo Tribunal de
Justiça de São Paulo, que autoriza a Marcha da Maconha do dia 21 de maio.Todos os materiais, cartazes e panfletos foram apreendidos e levados à delegacia para averiguação, assim como os 3 militantes, junto de seus advogados.
Após avaliar o conteúdo dos materiais, o delegado responsável considerou que não caberia processo por apologia. Com isso, após cerca de 3 horas, os 3 militantes foram liberados sem serem autuados.
Segundo a PM, eles faziam apologia à droga.
Passeata aconteceu na orla da Zona Sul, entre o Leblon e o Arpoador.
Músico Tico Santa Cruz foi um dos que participou do evento.
Marcha da Maconha começou com cerca de 500 participantes na orla da Zona Sul do Rio, segundo a polícia, na tarde deste sábado (7). Segundo a organização, no entanto, ao longo de todo o trajeto entre o Leblon e o Arpoador, cerca de 5 mil pessoas seguiram a manifestação.
"Nosso objetivo é despertar a população para o debate sobre a questão da legalização da maconha. Somos totalmente a favor da liberação para todo os fins: medicinais, industriais, religiosos. A semente da maconha é rica em ômega 6 e ômega 3 e não tem a substância THC tão nociva a saúde", defendeu Renato Cinco, um dos organizadores do evento, realizado pelo terceiro ano consecutivo no Rio graças a um habeas corpus.
A estudante Mariana de Almeida disse que a liberação vai deixar de criminalizar muitos jovens usuários, que por causa da proibição, se veem obrigados a viver na clandestinidade. "A liberação acabaria com o tráfico e, consequentemente, com a violência", disse a jovem.
O líder da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, que pela primeira vez tem a oportunidade de participar da marcha no Rio, contou que já coloborou nas outras edições permitindo que sua imagem fosse usada em máscaras pelos manifestantes.
"Como artista tenho o papel de levar esse debate adiante. Acho uma hipocrisia uma sociedade tabagista e alcoólatra condenar o uso da maconha. Para mim, que é contra a legalização é a favor do tráfico de drogas", disse o músico.
JUSTIÇA AUTORIZA REALIZAÇÃO DA MARCHA DA MACONHA EM VITÓRIA
A decisão favorável aos manifestantes ocorreu com base no direito constitucional à liberdade de expressão. O juiz Marcelo Loureiro frisou ainda que a presença da polícia serve para garantir não apenas a realização da manifestação e a integridade dos participantes do protesto, mas também para garantir de que não haja incentivo ou mesmo o uso da droga durante o protesto. A assessoria de comunicação da Polícia Militar informou que viaturas do patrulhamento ostensivo irão monitorar a marcha, com apoio da Guarda Municipal.
O artista plástico e integrante da Marcha Mundial da Maconha no Espírito Santo, Felipe Borba, informou que 270 estudantes universitários e outros simpatizantes à causa confirmaram presença na manifestação. “Esperamos que este número possa aumentar até o período da tarde. A última marcha contou com 100 manifestantes”, disse Felipe na manhã deste sábado.
O trajeto da marcha em Vitória será definido somente durante a concentração, no Centro de Artes da Ufes. A expectativa é que os manifestantes percorram ruas e avenidas dentro de bairros próximos ao campus da universidade. Alguns integrantes da manifestação apresentaram interesse em passar também pela orla da Praia de Camburi. A marcha irá contar com faixas, cartazes, duas bicicletas com aparelhagem de som e panfletagem ao longo do trajeto.
Críticas
Nesta semana, quando o MPE ajuizou ação contra a marcha, o procurador-geral de Justiça, Fernando Zardini Antonio, demonstrou preocupação com a realização da referida manifestação, entendendo que manifestações dessa natureza podem vir a incentivar o uso deliberado desta e de outras drogas ilícitas.
“É necessário que sejam tomadas medidas para a preservação da unidade e dos valores familiares, amplamente corrompidos quando da instalação das drogas, e do bem-estar da população capixaba, vítima das conseqüências nefastas provindas do uso dessas substâncias ilícitas”, disse o procurador-geral de Justiça.
Apoio
Felipe Borba e outros integrantes da marcha em Vitória afirmaram em um comunicado divulgado à imprensa que em nenhum momento a marcha faz apologia ao uso de drogas, sendo os argumentos defendidos pelo procurador-geral de Justiça, Fernando Zardini Antonio, “completamente infundados” – diz o texto.
“Marcha da Maconha Vitória” seria, conforme a divulgação, um movimento mundial que se posiciona por uma nova política de drogas que não a atual vivenciada no Brasil.